segunda-feira, 26 de abril de 2010

Passaroco 1 – Eu 0

Na sexta, enquanto almoçava na esplanada da Companhia das Sandes, na Guerra Junqueiro, um passarito, como o da foto, resolveu mostrar-me que os da sua espécie também não se medem aos palmos e que havia de conseguir fazer um snack à minha conta!

De forma inocente, saltou para a minha mesa, arrancando-me um ligeiro sorriso, apesar do meu nojo de pássaros… Durante uns minutos, ali ficou a analisar-me e a preparar, soube-o depois com o desenrolar dos acontecimentos, a sua estratégia de ataque, enquanto eu, na sua perspectiva, o provocava dando umas belas dentadas na minha sandwich de atum. Aos poucos e sob a minha atenta observação, entre uns tímidos avanços e recuos, foi ganhando terreno, deixando-me admirada com a sua lata e bastante desconfortável, apesar do seu ar querido e angelical, com a proximidade.

Enquanto eu me ia debatendo com os meus sentimentos contraditórios acerca do animal, o bicho, que eu pelos vistos menosprezei, sem aviso prévio, lança-se num sprint em direcção ao meu tabuleiro e dá uma valente bicada na rodela de ovo que ali tinha caído, não a conseguindo levar, apenas devido ao peso da dita e ao susto que lhe deve ter provocado o meu pulo da cadeira!

Tentando não fazer mais figuras para a plateia que assistia deliciada e divertida à cena e, como o animal petulante já não se encontrava à vista, resolvi sentar-me novamente. Afinal de contas, era só um passaroco!

Estava eu a começar a relaxar e a preparar-me para continuar a comer, quando ele volta, com um ar de gozo, abrindo a boca, mostrando-me claramente que ainda não tinha saciado o seu apetite. Na tentativa de o intimidar e de lhe mostrar o óbvio, que eu era dez mil vezes maior do que ele, lancei-lhe uns olhares ferozes e gesticulei na sua direcção da forma mais seca e controlada que pude, mas o raio do bicho, com ar superior e peito para fora, dá um jeito à cabecinha para chamar reforços e, de um momento para o outro, já eram três em cima da mesa a olhar fixamente para o meu pão! Por esta altura, já me sentia a heroína do famoso filme do Hitchcock e não tive outra opção, senão bater em retirada…

Lentamente, levantei-me, agarrei no tabuleiro e refugiei-me no interior do estabelecimento, onde uma mesinha me aguardava… piu, piu…

2 comentários:

Vanita disse...

Há dias assim... :)

Hannah disse...

Estes passarinhos são levados da breca :D